"Medo de viver. De ser feliz. De se entregar. De enlouquecer vezemquando. "

Não, você não sabe o esforço que ela faz para levantar da cama todos os dias. Nem imaginam o quanto é doloroso deixar a segurança que sente em seu quarto e encarar a vida. Ela tem, todas as manhãs, aquele frio na barriga toda vez que o nervosismo toma conta porque algo novo se aproxima. Por saber que vai ter que sair do seu casulo. Que vai ter que disfarçar os seus medos ao longo do dia. Que precisa se superar.

Superar. Verbo seu de cada dia!

Arrisco dizer que ela é uma ótima atriz! São poucas as pessoas que, convivendo comi ela, percebem o medo que carrega consigo. Medo de viver. De ser feliz. De se entregar. De enlouquecer vezemquando. Dizem que faz bem apenas gozar a vida, sem se limitar, sem impor barreiras, sem controle, às vezes. Dizem. Renova. Mas há o medo. Latejante. E, todos os dias, antes de levantar, ela é obrigada a maquiar no rosto um sorriso tão verdadeiro quanto os seus cabelos loiros! Então vai à luta, fingindo auto - estima elevada, cumprindo bem o seu papel de mulher, capricorniana, determinada, destemida, pé no chão, guerreira. Aquela que sonha e acredita em amor eterno ela deixa trancada no quarto, guardada, quase como um segredo.

Respira fundo, distribui simpatia, ajuda a resolver todos os problemas do mundo. E, no fim do dia, retorna quase inteira ao seu recanto com cheiro de flores, e respira. O quanto pode. O quanto não pode durante o dia. E sonha. Porque amanhã, outra vez, tudo volta a ser medo.