Eu, tu, nós, alguém.
A bateria levemente traz o clima da música... Que conta do fim dos tempos. Fico aqui pensando na letra, romantizada. Na letra e no que ela diz. Cinco anos para respirar, antes de tudo terminar. Cinco anos para fazer alguma coisa. Cinco anos para ser tarde de mais. Pensando em alguém enquanto tudo caminha para o fim. Pensando que talvez esse alguém nem imagina que possa estar na música.
David Bowie sempre soube o que dizia... Penso na nostalgia que isso me traz.
A chuva já parou mas o frio se instala. O outono chegou. E eu não ligo a luz para digitar melhor, pois não quero estragar o clima de entardecer.
As pessoas se escondem em suas casas, do frio. O ar da manhã estava pesado e eu passei o dia transtornada. É uma sensação de que algo - que eu não sei o que é - está para acontecer. Uma paranóia de sempre...
Um andar na rua cabisbaixo, um andar na rua ansioso. Um andar na rua preocupado mas ao mesmo tempo, conformado... Um pressentimento. Não sei se tem a ver com todos nós. Mas sei que tem a ver comigo.
Agora já está mais leve... Fico apenas ouvindo essa música e sua sequência melancólica. Enquanto ele diz "time takes a cigarrette and puts it in your mouth", imagino um cigarro aqui, preenchendo a solidão, e uma bebida qualquer, aquecendo o frio...
Queria poder cantar pra ti o que ele diz, com a voz que ele faz agora, com a entonação e o volume, para que tu a ouvisse... Tu?