O EMBRIÃO DO POÉTICO

Não deve haver preocupação em buscar íntimas razões sobre tal ou qual gosto estético em Poesia, pois, em geral, as pessoas sofrem de um mal antigo chamado Solidão, e buscam – na ideação das imagens e no Belo estético – a mitigação de suas carências. Há muitos espíritos recorrentes nesta rapsódia do sensitivo tátil da espera. Versejar sobre uma maçã (Clarice Lispector) ou sobre uma cebola (Dom Pablo Neruda) é uma questão de percepção, de talento e de pertinácia no laboratório diário da escrita. Vale tentar com denodo. Poesia não é mero confessionário pessoal, é muito mais do que isso, todavia, vale a linguagem dolorosa dos sentires como embrião do poético. O bem, resposta às necessidades dos desejos, é imponderável. E nem sempre adquirimos senso para velar a angústia...

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2013/16.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/2874502