No paradoxo da suficiência
Refletiam nos olhos a imagem do espelho na forma de túnel rumo ao interior do próprio ser. Orbitar em função do outro sempre foi uma escolha eclíptica em que um sempre se sobrepõe fazendo doer a busca por respostas quando o que se tem é apenas a escuridão. Foi na imagem de si que pôde vagalumear pelas paredes internas da razão, para encontrar janelas, portas e portões, agora iluminados, prontos para deixar entrar novos pensamentos, novas formas de olhar fora e admirar as ações de um novo eu. Quando a luz entra pelas frestas e começa a aquecer a alma é que se percebe o quanto a reflexão é importante para que consigamos nos sustentar enquanto seres auto-viventes - não-parasitas de atenção e sentimentos. E é aqui que a gente olha para o espelho e sorri, na promessa de mais dedicação para nós mesmos. O problema é que, cheio de mim, vou embora dali e esqueço que nossa imagem também vira as costas e leva para duas vezes mais longe aquele brilho no olhar que, até um novo encontro, serão exatamente e só os outros que vão ver. Assim, no paradoxo da suficiência.