Em branco

Deu um branco. Completamente povoado de caos.

Essa coisa de querer encontrar respostas para

perguntas que nem foram feitas. Nem mesmo foram

pensadas. Então, não adianta muito atropelar palavras.

É preciso calma. Um respirar profundo e esperar.

O silêncio ainda abraça a minha alma. E o torpor

sufoca a coerência. Jamais comporia uma sonata

após algumas taças. Essa hipótese é abusiva.

Preciso de uma filosofia que disseque o ser.

As linhas e as sombras. Quem sabe se escalpelando

encontre o princípio de tudo. A genealogia é por

demais metódica. E o ser não o é. Tem fissuras adquiridas.

Porque cai, levanta, cai e levanta, teimosamente. Graças!

Que bom que isto acontece. Demonstra que consegue

transpor e impor barreiras. Muitas vezes contra ele mesmo.

Tudo o que o ser comete, comete sozinho. Sozinho com

sua sapiência, sozinho com sua ignorância. Porque o

pensar e o não pensar são comandos. Voluntários.

Às vezes, travestidos de imaginários.

Talvez seja por isto que eu, Lua, acometa um

brilho exagerado de Sol. E ilumine mais ainda o meu branco

povoado de caos.