Atos de transformação
Ontem fiquei observando um fato que aconteceu perto de minha casa e me deixou bastante triste, ouve uma briga muito grave com um dos vizinhos, daquelas que se fazem ouvir a certa distancia. Ouvi crianças chorando, coisas se quebrando, gritos desesperados de ajuda e pavor, palavrões juntamente com outras palavras ásperas e grosseiras, havia um grupo de meninos em frente a essa casa, e muita gente circulando na rua, eles passavam em frente à casa rindo e os meninos e meninas faziam piadinhas medíocres, como se aquilo tudo fosse uma das coisas mas belas a existir digna de ser demonstrada em sorrisos de uma estranha felicidade que surgiu a partir da infelicidade de outras pessoas (até agora não consigo entender o motivo de tanta alegria), mas ninguém fazia nada a não ser rir e se divertir, como se palhaços de circo estivessem a contar a mais engraçada de suas piadas.Meus pais como sempre foram ver o que havia acontecido (os anjos da guarda da rua), foram falar com os “causadores” da briga, daí a meia hora tudo se acalmou. Vocês devem pensar “mas que loucos são seus pais, e se acabassem por morrer ao ajudar os vizinhos”. Todo dia passamos por riscos, ao subir e descer escadas, ao atravessar a rua e até de morrer de repente sem nem sequer saber o porquê. Pense em um irmão seu, uma irmã sua, ou alguém que você muito gosta sofrendo, para você ir ajudar seria bem mais fácil, não seria? Pode se ouvir a frase “briga de marido e mulher não se mete a colher”, mas vocês não sabem o que essa pequena iniciativa evitou ontem.
Deus ensina que somos todos irmãos, daí surge o aprendizado maior: Você teria coragem de ver um irmão seu sofrendo de braços cruzados?
Imagina se um dia você precisasse de um irmão e ele começasse a rir de sua cara, achando graça de suas tristezas e angústias, como você se sentiria?
O que acontece na casa dos outros não precisa ser levado em consideração, até que a mesma coisa aconteça em nossa casa, daí nós precisamos de ajuda, os outros não. Ema, ema e cada um com seus problemas. Não acredito que deva ser assim o modo correto de pensar ou agir, se tenho a oportunidade de fazer algo para ajudar e não fizer passo a ser um covarde e é por essa covardia que tantas coisas ruins acontecem e ainda continuarão acontecendo.
Não é preciso entrar em uma casa onde o marido tem um revolver apontado na cabeça de sua mulher pronto a matá-la tentando dar uma de super herói para se tornar “uma boa pessoa”, mas é necessário ensinar aos homens e mulheres sobre a destruição que a violência causa, antes mesmo que ela aconteça, e para conseguir isso temos que dar bons exemplos, cultivar o bem e transmiti-lo a quem estiver a nossa volta e encaminhando principalmente aos que mais necessitam e ter fé em suas mudanças. Eu quero um mundo de amor e felicidade e acredito que não seja a única que possua essa esperança. Para que possamos mudar os outros precisamos primeiramente nos transformar no melhor que podemos ser.
As pessoas não precisam ser perfeitas, seria justo apenas que fossem mais humanas, que fizessem juz a importância que possuem no mundo, que ajudassem quem realmente precisa (cada um tem seu modo próprio de ajudar os outros), sei que ninguém é santo ao ponto de parar com suas críticas sem motivos aparentes,mas deveriam ao menos se preocupar com coisas que realmente possuam uma significância. Eu não posso rir de uma pessoa que talvez eu precise amanhã, isso é ignorância pura, é necessário que exista uma união entre todos, mas aí começa a dificuldade, se não consigo criar uma harmonia entre minha própria família, como irei harmonizar quem está a minha volta?
As transformações pessoais levam um tempo para que amadureçam, e para que possamos amadurecer precisamos em primeiro lugar ter a capacidade de entender que não somos as únicas pessoas no mundo e que esse crescimento é construído por meio de nossos atos e nossa humildade em deixar-nos aprender pelas coisas simples e significativas que acontecem em nosso cotidiano, mas infelizmente muitas pessoas ainda estão cegas a tudo isso.
Texto escrito em 26/01/2010