Na última lua
Meu primeiro passo no espaço dos seus segundos
caiu como gota de orvalho ciente da queda
feita em forma de tropeço numa calçada desarrumada e sem guia
a espera do encontro dos seus pés descalços e cansados
a procura de um dono no acaso que te levaria ao trono almejado
Namorei seu perfume insensato
quis ser o copo que vi beijar seus lábios
Procurei ouvir no rumor do meu delírio
sua voz falando em palavras sussurradas sonhos
escolhidos para fascinar minha mente atroz
Então, traí meu conceito tentando ficar arrumado
pra receber o brilho pelos seus olhos causados
E, enquanto escolhias a cor que daria para seus lábios
entendi com a demora que já não mais me interessavam
Fui embora triste como a última estrela nua
que não espera da noite o fim pois ama a lua
Parei por sede ou cansaço depois de muitas esquinas
Pedi uma bebida pra apagar o rancor da escuridão da sina
Logo no primeiro copo enquanto brigava com meu destino
Engoli como susto ver seus olhos chegarem
envolvendo o espaço do meu pranto assassinado
Fiz cara de careta, franzi todas as rugas da minha testa
Imaginei no carinho da sua forma de olhares, carícias
Fechei os olhos, senti seu beijo, seu cheiro, e eu e você em pêlo
passeando de carona em nuvens que vagam livres e impunes
Falamos depois disso como se nos amassemos
sobre tudo que quer dizer o gosto doce do amargo
E no profundo distúrbio profano dos momentos encantados
imploramos pro mundo apagar nossos incensáveis fracassos
Nossa embriagueis deu lugar pros raios claros
que aos poucos engoliram além das estrelas a rua
E eu e você acordamos com a boca amarga
numa outra calçada esperando chuva e água pura
Pra curar nossas ressacas até compreender-mos
a noite da lua