DO METRO E DO RITMO POÉTICOS...
O Ser (nada de absolutos) em um Poema se manifesta nos paradoxos (coerências/incoerências) rítmicos onde batalhas metafóricas geram infinitos conceitos. Ora, amigo, nas imagens, nos sentidos, surge a Arte. O metro pode até ser uma opção; entretanto, nada, absolutamente nada, tem a ver com ritmo. A única exigência do metro, ensina Otávio Paz, é que cada verso tenha as sílabas e os acentos requeridos. O ritmo, prossegue o grande mestre-Poeta, não é medida, mas conteúdo qualitativo e concreto. A conclusão é óbvia: “a distinção entre metro e ritmo proíbe chamar de poemas a um grande número de obras corretamente versificadas que, por pura inércia, constam como tais nos manuais de literatura”. No ritmo, a liberdade criadora, inventiva, do Poeta se manifesta. Trata-se de um fenômeno inseparável da própria linguagem. Portanto, a manipulação rítmica, a riqueza expressiva, é que fazem do verso livre um trabalho deveras complexo e desafiador. Afinal, como diz Paz, o verso livre é uma unidade rítmica.