• O mundo é...

É como se todos os passos que eu tenha dado até hoje me tivessem carregado até onde estou. Como se cada suspiro triste em noites de tempestade soubesse por si próprio o porquê de sua existência – que eu mesmo desconhecia. É como se todas as poesias entoadas por minha alma, cantadas pela voz de minha cansada essência, adquirissem significado. Um significado maior do que eu poderia esperar... algo puro, profundo, verdadeiro. Portanto pondero sobre a existência de um destino para cada um, um espaço e tempo pré-fixados na existência de cada ser, de cada coisa... Por outro lado, eu acredito que nossas escolhas escrevem o que somos. Que as três fiandeiras apenas tecem o que nós criamos. Os bons momentos eu espero que sejam e não que estejam. O ser é algo definitivo, passa-me a ideia de que não o podemos mudar. O estar é passageiro.

Prefiro pensar que eu esteja com uma alma triste à que esta o seja.

Prefiro pensar que eu seja o amante dela à que eu o esteja sendo...

O mundo é complicado... Ou somos nós que o complicamos? Ei, Haroldo¹, eu preciso de um ombro amigo.

Entretanto... Por fim, somos apenas nós. Pode ser, e espero que seja, que no derradeiro momento alguém que amemos profundamente – alguém com quem gostaríamos de estar em tal circunstância – esteja a segurar com firmeza a nossa mão, e a perder ternamente o seu olhar no nosso... Pode ser que fiquem conosco durante todo o tempo. Mas... Estaremos a sós com nós mesmos, como sempre estivemos. Eu acredito que laços sejam absoluta e profundamente necessários. Eu amo, e quero ser amado. E para aqueles e aquela a quem eu amo, eu quero ser uma gota de esperança quando a esperança já não mais houver; quero ser único. Ser o causador de risos e de alegrias; quero que todos se lembrem de mim não pelo que eu tinha, pelas substancialidades das superficialidades, não. Eu quero ser lembrado pelo que eu era e pelo que eu serei sempre, não importa quanto tempo transcorra. Só morre aquele a quem nós mesmos matamos – dentro de nós.

Mas, no fim, só o que importa é o quanto amamos e o quanto fomos amados... O quanto somos e seremos amados. Por isso eu não temo gritar isto aos quatro ventos. Su, eu te amo!

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¹ De Calvin & Haroldo por Bill Watterson, tendo em mente a lembrança de O Mundo é Mágico.

[#12/03/2011 às 19:11]