Espinhos sem rosas

Eu olho para o mundo e há tantas dores. E eu, eu só queria ter uma rosa, macia, delicada cor de amora para colorir como se fosse um beijo a face dos que choram.
Mas são tantas faces que se escodem, tantas mãos que as encobrem e eu fico só sem saber como colher tal rosa. São tantas feridas abertas no rosto dos que enterram os seus jovens, e seus velhos
companheiros de uma vida. Mais uma partida.

Não não tenho rosas pra ofertar, mas eu queria que essas palavras tivessem aroma brando, como uma cidreira, que fossem palavras brancas como o estandarte da paz, da paz que agora não sinto, nem sei se sentirei mais. São tantos espinhos que ardem-me os olhos, tantos ais. Até a natureza parece perder seu curso natural e naturalmente que tudo que é bem a esta altura já parece mau e padece cada sonho meu.

Não! A vida ainda é linda! Eu reflito, admoesto meu raciocínio,mas logo perco a lógica dos meus pensamentos, a sobriedade dessa minha retórica, tudo é tão absurdo, mortes infantes, liberdade atrás de muros!

E essa rosa que não nasce, não desperta para perfumar a poesia que insiste em ficar adormecida e amedrontada dentro desse caos que há em mim nesta noite impregnada de medo e dramas

Nunca fui boa em dramas, mas hoje me parece tão real e palpável cada uma das dores que percebo em mim e em outras esferas onde eu via apenas esperança. Se esperança tivesse cor, que essa flor que espero que surja, seja então como ela. Mas hoje, eu só consigo ver rajadas de espinhos a minha espreita, algo moveu-se e eu só consigo ficar aqui parada.


Cristhina Rangel

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 13/03/2011
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