Impotência

Ah, quem me dera saber botar no papel, em verso ou em prosa, palavras que transmitissem fiel e dignamente as emoções que senti e sinto em cada instante da minha vida.

Quem me dera saber nomear o que sentí ao ver pela primeira vez os meus filhos perfeitos..o primeiro sorriso de cada um deles...a primeira palavra...o primeiro passo firme...

Quem me dera expressar em palavras o que sinto cada vez que vejo o sol se pondo e nascendo...

O que sinto diante do mar...

O que experimento num mergulho em águas claras...

Quem me dera saber palavrear o que me invadiu a alma quando vi o amor nascer...

Ou quando ví borboletas e beija-flores namorando as flores...

Se eu soubesse transformar em verbo a dor que imobiliza quando vejo criança sofrendo fome, violência e abandono...

E também quando sinto na pele toda a maldade de que o ser humano é capaz...

Ou quando sei da violência sexual contra as mulheres...

Quem me dera!!!!

Mas não sei...

E não sabendo, só sinto...

Morro do Chapéu, 11 de março de 2011.