Ópio
Através dos seus olhos claros, como portas abertas, vê-se o mundo. Um olhar cativador, que nos paralisa a alma.
Preso numa irrealidade inexistente, desenhada tão perfeitamente num horizonte linear onde o inimaginável ganha vida e o perfeccionismo é o protagonista.
Um único toque traça uma sensação única e nessa irrealidade, onde tudo é possível, brota um novo espírito, preso no infinito do mundo.
A força de um sorriso é o suficiente para fazer parar o tempo.
As palavras perdem o seu poder naquele lugar onde o tudo é nada, e o nada é tudo.
A sua pele, tão delicada como seda, aprisiona-me.
Sem uma única troca de palavras, passeamos por um vale de flores, alheios do exterior.
Mas agora, fechamos a porta a sete chaves. Atrás dela, deixamos uma pintura intocável. A nossa realidade.
Aquela irrealidade apenas a nós nos pertence... agora vejo-te num sonho. Num sonho distante, tão suave como uma onda que rebenta lenta e silenciosamente num cais abandonado, repouso eterno do meu ser inquieto, que espera ansiosamente por te ver uma vez mais, do outro lado.
Como dolorosamente bom seria ouvir de novo a sua voz.