Dos planos que pensei para mim...
Dos planos que pensei para mim...
Pensamentos meus em volta de toda a minha vida. Que meus sonhos de meninas desabaram enquanto ainda eu nem sabia o que era existência, o aborto me expulsou do ventre da que La que deveria ser a minha mãe, embora ferida teimei em lutar por esta tola vida... e enquanto crescia as feridas cicatrizavam em uma cama feita de folhas de bananeiras.
Em meio aos devaneios de uma infância em achava que havia tido sorte... por ter encontrado á quem cuidasse de mim; em brincadeiras de moleca eu empinava pipas, jogava bolinhas de gude... brigava com os moleques como se fosse livre... até que. Até que hum dia me tomaram também a infância.e abusaram de minha inocência. Á tomaram de mim.
Deixei meus medos guardados, que durante anos molestados sucumbiram de mim. o silencio, a dor; meus gemidos a espera de um socorro... que nunca veio... que ninguém escutou.
Enquanto mudávamos de casa apaguei minhas paginas de uma infância perdida. E jurei fechar aquela porta trancá-la para que ninguém mais abrisse. O tempo me deixou sozinha novamente... meus pais adotivos separados, minha mãe hospitalizada. E eu nem sabia se soltava de alegria,se chorava de solidão , se contava da fome que sentia, ou contava as humilhações que passava. todo o mundo de uma menina.
O tempo passou e na minha adolescência mais uma vez dei-me conto do terror de minha vida. Enquanto fugia dos homens que minha suposta mãe me insinuava. Acabei entregando-me a um monstro para tentar fugir dos destinos que ela me dava. Tão sedo engravidei.
Eu só era uma menina e ainda brincava de bonecas. As bonecas que eu mesma fazia. De lã... casinhas com caixinhas de fósforos. Eu sonhava com um mundo novo e diferente. E de planos que eu fazia para minha semente diferente dos quais tinham sido os meus. Mas não fora isso que o destino me reservara.
Depois de algum tempo todo monstro tenta devorar a menina. E mais uma vez eu tive que fugir. Muito embora ainda tão sedo encarei lutas que hoje nem eu mesma sei como consegui. Fui faxineira, baba, acompanhante de idosos, secretaria, enquanto meu filho crescia. Até que... mais uma vez a vida mostrou-se lembrar-se de mim.
Estive paralitica por muito tempo. Mas nem em meu leito houve descanso para mim, nem si quer para minha alma. Em minhas noites de dor, nem sei quantas orações eu gemia. Nem sei quantas surras me vinham... somente para que eu me calasse. mas eu precisava lutar... eu precisava tentar pelo meu filho. Para que ele não vivesse a vida que eu tinha levado até ali.
O tempo passou eu me recuperei. Como que por um milagre eu me levantei daquela cadeira de rodas que se tornara uma cadeia para mim. mas nada mudou em minha volta. As pessoas que me humilhavam ainda estavam ali.
Conheci um homem. E meu erro foi achar que ele iria me fazer ser aquilo que ninguém antes tinha conseguido fazer com que eu fosse. Em menos de um mês juntos e eu o pedi em casamento.
Esta etapa de minha vida fora até então a mais cruel. No dia que havíamos marcado a data do casamento ele não foi. Assim como todas as batalhas que travei esta então fora mais uma. E eu tive que resistir. Pelo meu filho.
Hoje após alguns anos dei-me conta do mero instrumento de sua vaidade e uso que fui. Acho que o câncer nem dói tanto quanto as palavras que ele diz para mim; e as traições que eu tive que engolir. As surras que eu tive que sentir.
Tracei planos... criei fugas... e meu mundinho vai sendo cercado, pelas cercas; muros que eu mesma criei para mim. La fora no vão... nas rachaduras eu assisto de longe o que deveria ter sido de mim. talvez a morte um bela pedida. Mas nem do descanso eu sou merecedora.
Sinto-me tão suja agora, onze anos , já quase doze eu convivi com todos esses devaneios. E nem a justiça me daria justiça... eu ajudei ele a conseguir tudo o que tem. Mas tudo o que ele possui nunca pertencera a mim. diante das humilhações de todo uma vida eu me questiono dos planos que eu pensei para mim. tudo em vão. Nem religião , nem batalhas travadas até minhas ultimas gotas de sangue, me trouxeram repouso.
Ouso apenas em meu silencio o pulsar de um coração que ainda teima em persistir. Minhas misérias. Meus traumas. Minhas mãos calejadas... minha mente cansada... nem suas mãos furadas. Minha vida desramada. Nem os planos que eu tentei para mim.
Mesmo nesse vale eu ainda sonho. há!!! E eu nem sei como posso ainda...nutri algo assim. Uma casinha branca, um jardim... com as flores que um dia em plantei mais que morreram , que sofreram junto a mim... meus filhos brincando livres. Sem medo de serem felizes. Um colo, que eu nunca tive. Um carinho que eu jamais senti. Nem sei porque sonho. Porque até eu mesma já desisti de mim.