Desabafo

Desculpa, mas eu preciso dizer-te alguma coisa. Sinto-me exposta, com todos os órgãos vitais - os mais vitais - expostos à um vento frio empoeirado de tristeza e medo. Ai, o medo! O medo é como um punhal afiado que ataca, corta e perfura tudo de mais vivo que há em mim.

E você, no meio disso tudo é como um copo de gim, que eu - a alcoolatra enlouquecida - sou obrigada a beber de pouquinho, em um conta-gotas esquisito que jura que me sacia!

Odeio necessitar você tanto quanto necessito uma perna, um braço, um pulmão... Odeio estar mais em você do que em mim mesma. Odeio esquecer de mim e lembrar de você o tempo todo, todo o tempo.

Todas as dores me seriam suportáveis se você estivesse aqui. Nenhum vento me derrubaria se eu pudesse segurar em você. Mas eu pareço estar caindo nesse penhasco sombrio que habita em sua ausência, e estar segurando em um mísero fio de cabelo quebradiço : você.