Suícidio

Eu jurei que iria esquecer tudo o que me fazia mal, deixei de lado os amores do passado tentando não ligar para o que estava enterrado em uma época.

Fui deixando os amigos que tinha pouco contato como se fosse um suicídio das coisas distantes.

Fui me desfazendo de uma parte intacta minha quando trazia algum incomodo em relação ao mundo observado pela janela do ônibus fechada.

Deixei então de falar certas coisas, de mandar certas cartas e me distanciei.

Hoje de manhã enquanto eu tomava meu cappuccino o vazio veio me fazer companhia, sentou-se ao meu lado, na cadeira mais próxima e ficou junto a mim observando movimento das esquinas.

Perder a essência humana é comum, embora Clarisse Lispector não ache isso, mas no momento estou sóbria de todas as drogas deixadas em algum canto da minha casa, algumas ainda trazem o cheiro forte e a vontade se junta ao vazio.

Só a imagem que ficou me embriagando de fantasias, meu perfume se encontra na vida.

Gabriela Carvalho
Enviado por Gabriela Carvalho em 03/03/2011
Reeditado em 03/03/2011
Código do texto: T2826779
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