Mau

Sou um mau-caráter sem disfarces. Já machuquei, menti, subornei, dissimulei e mais um monte de coisas que nem lembro. Acredito que quanto mais penso que sou regenerado, mas me torno arrogante, já que meus pensamentos me revelam, num diálogo íntimo, o além do espelho.

Meu desabafo se dá justamente pelo fato de ser tão difícil reconhecer o que realmente somos. Ou melhor, acredito que não sabemos o que somos só pensamos saber.

Assim, passei a observar minha história e cheguei a conclusão que não sou melhor do que o pior que conheci.

Até que as consequências mostraram-me a cara das minhas escolhas. As dores da existência chegaram como um agiota que cobra os juros das lágrimas e a verdadeira vida se revelou.

E foi assim, em meio ao desânimo e a vergonha, que conheci Deus. Não nas praças religiosas e sim nas contradições. Não no merecimento e sim nas doenças que abalam minha alma.

Vi que ainda que não mereça, sou cuidado como um filho que retorna pra casa e que mesmo sujo e falido há a oportunidade de reconhecer e continuar, só que desta vez de maneira diferente.

O que realmente sei, é duvidoso. O que minhas atitudes me mostraram, ainda dói. O que posso fazer hoje pode mudar tudo. E assim continuo. Vou. Confiante no vento que sopra “Aonde quer”.