OS DEFEITOS

Em todos os relacionamentos, incluindo os de amizade, chega o dia em que as máscaras caem. À medida que o tempo vai passando e os laços vão se estreitando, o que estava dentro aflora, inexoravelmente. E quase sempre aceitamos a maioria do que chamamos defeitos no outro, mesmo que nos magoem, mas todos nós temos o nosso catálogo de defeitos não perdoáveis. E quando ultrapassam a nossa linha dos defeitos imperdoáveis, mesmo que leve algum tempo, ao nosso coração já foi dada a ordem para o rompimento. Para alguns de nós que temos em nossa índole cumprir palavra empenhada, muitas vezes teremos de concluir alguns compromissos que ainda estavam pendentes, mas já nos tiraram a mágica do oferecimento.

De minha parte, o pior defeito que vi em pessoas da minha convivência, e ao que raramente perdoei, foi quando me dei conta de que me usaram para qualquer fim de seus próprios interesses. Na verdade, nem é por ser usada, pois isso em todas as relações interpessoais acontece em algum momento, mas foi quando subestimaram a minha inteligência. Para enganar alguém que joga limpo, o mínimo que se pode fazer, até por respeito, é ter a capacidade de não permitir que esse alguém perceba. Se for para mentir, que seja com competência, por favor. Não me obrigue a fazer de conta que não percebi. É preciso que esse alguém me seja muito caro para que a farsa continue. E como, há muito tempo, já deixei de sofrer por imbecis, parto, livre e solta, aberta a novos relacionamentos e preparada para os defeitos humanos. Exceto os constantes do meu catálogo.