AS IMAGENS
Vaga lembrança...
Uma criança sentada na beira da calçada de um cais, com as mãos em cima dos joelhos ia lentamente soerguendo o olhar encabulado, tomado de súbito. Erguer um olhar é um gesto simples que transcende além da vida, por ser um gesto universal, e independe das imagens torpes de uma geração.
Procriamos os reflexos por meio das nossas atitudes, estas que retiram o nosso véu feito o espelho.
O eixo a atingir é sempre de acordo com o grau da nossa percepção.
Mas podemos distorcer as imagens que já presenciamos, quando essas se perderem do nosso campo de visão, ainda que o tempo nos traga de volta, pois essas ficarão impregnadas no subsolo dos nossos pensamentos e subirão os degraus da nossa lembrança, principalmente o que foi acalentado pela nossa idealização.
Idealizamos imagens, cenas, formas e contemplamos paisagens.
Corriqueiramente somos cúmplices do trajeto dos pássaros que sobrevoam na solicitude do amanhecer e se resguardam nas árvores antes do anoitecer, modificando as imagens, coadjuvantes da atmosfera.
Somos oxigenados pelas imagens que nos são entregues ao longo da vida, principalmente as marcantes, mudando um semblante.
Haverá também as que serão entregues à solicitude da nossa lembrança, em qualquer fase da vida. Encarregando-se em algum momento de introspecção, nos soerguer quando não ficarmos resguardados das imagens mais especiais, dentro de uma lembrança.
Vaga lembrança...