quisera
quisera
Quisera não ouvir o canto melodioso,porém,triste do sabiá laranjeira,posto que,tal maravilha não existe,mas ,fruto de minha imaginação inconstante.
Assusto-me em ter que viver os dias e manhãs claras de outono,uma vez,que minha pobre e sofrida mente,mente para o meu EU inocente.
Quisera não contemplar a estrela vermelha,o “olho do touro”,o fulgurante astro ALDEBARAN,já que elaborei desde minha infância o maravilhoso corpo estelar...
Por que não acordo destas impressões quiméricas que me arrebatam para o sétimo céu,uma vez que sou cego ,surdo e morto para o Grande Pensador ,o UNO que se derrama em miríades de versos.
Ah!Pobre de mim ,que ,apenas,ouço o requien de mim mesmo,
Ausculto um retumbante,sonoro,estrepitoso silêncio de um Nada existencial ,que contempla a negra noite sem estrelas de min’alma em constante dor de um parto,para um nascituro eterno, amedrontado no afã de vislumbrar a criação e não resistir a tamanha força creadora.
Quizera,eu, ouvir a sinfonia cantante,a semelhança de sereias,levando-me a profundeza oceânica e,não gritar por socorro,ante a visão ofuscadora , das anêmonas,e corais,que ao som de daphnis e cloé dançam o bailado da origem da vida...
Súbito,meus sentidos se aguçam e percebo a união de sons e imagens,percebo que meu coração bate fora de meu peito,não carregando mais,simplesmente,uma pedra.
Ah!Que o incognoscível se tornou cristalino para minha limitada capacidade,e entendo que não era sonho o canto do sabiá,que Aldebaran existe e eu...EXISTO!!
Delicadamente,abro a porta de minha vida,olho em derredor e entro para minha vida !!...