O desabafo do desapego ou O desapego do desabafo

Desapego.

Eis aqui uma prática difícil, a do desapego. Quisera eu aplicar em 100% a máxima de que nada neste mundo me pertence, portanto é preciso deixar as coisas livres. Eu realmente acredito nisso. A teoria é muito bonita, né. Difícil é praticar isso todo dia.

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Ela sabia o quanto tinha gostado dele e o quanto gostava ainda. Mas se sentia aliviada daquela história ter terminado. Uma história que nem começou direito. É que tinha ficado tanto tempo na depedência dele, do que ele fizesse ou quisesse... ele tinha o controle. E agora ela se sentia tão bem de poder ser ela novamente, de respirar somente o seu ar, e não esperar nada, não ansiar nada. Ela se sentia algemada perto dele, sem poder agir, sem tomar uma posição. Ela estava à deriva num mar cheio de indeciões, quereres e imaginação. É, muito ficou só na imaginação. Agora ela se sentia livre, como sempre fora. Livre e feliz.

Sentou-se no banco da praça para acender um cigarro. Lembrou-se do quanto ele odiava esse vício e implicava com ela por isso; e sorriu.

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Apenas um desabafo, de um coração e mente cheios, prestes a transbordar. Linhas desconexas e incompletas na tela do computado, e pronto!