• Solidão •
Hoje, calaram-se os pensamentos meus. Cada verso escrito no meu livro de saudades se faz uma afirmação da negação. Há momentos em que o vazio é tão grande que acaba por adquirir um espaço ainda maior, acaba sendo sua inversão resoluta - quero dizer, este envolve tudo com sua substancialidade supostamente inexistente de tal forma que o tudo se torna nada... E, sendo o nada tudo o que houver, passa a existir como a expressão da realidade: adquire forma, tamanho, peso...
E quão palpável não é a sua forma? Quão denso não é o seu peso? O vazio mesmo que muitas vezes serve-me da mais pura inspiração, em inúmeras outras me esmaga, caindo sobre mim como um meteoro sobre uma formiga. Nestes momentos, sinto como se flutuasse... em si. Um turbilhão de incontáveis - e muitos deles, detestáveis - sentimentos me preenche o ser. Sinto tudo e nada sinto.
E nestas horas, encontro-me... e me perco.