Ser materialista ainda me obriga a ser um pouco idealista


 
Ser materialista ainda me obriga a ser idealista, apesar do difícil exercício que é ter uma única definição para idealismo, mas sempre em oposição direta ou indireta a materialismo.
 
Filosoficamente falando sou entre outros princípios um materialista. Na física, hoje, apesar de manter minha noção materialista no mundo macroscópico (aquele que percebemos, vemos sentimos etc.), tenho que me curvar a certo idealismo se entender epistemologicamente que a versão corrente e mais aceita da Mecânica Quântica é a verdadeira.
 
Talvez por preconceitos clássicos, entendo como um crescente número de físicos atuais, que a definição padrão de Copenhagen da Mecânica Quântica seja uma visão mais filosófica do que física, e que apesar do enorme desafio necessário a ser trabalhado, necessitamos rever este conceito axiomatizando toda Mecânica Quântica e retirando o observador de sua física, mantendo-o apenas como observador.
 
Para alguns isto pode parecer uma blasfêmia. Eu entendo e só posso dizer que assim se faz ciência, pensando, analisando, criticando, revendo, refutando. Longe de ser dono da verdade exponho apenas uma percepção própria, e que pode estar errada, mas apenas o futuro nos mostrará a verdade. Sei que a Mecânica Quântica é fantástica nas suas previsões, mas não inviabiliza minha interpretação atual. Para uma infinidade de ótimos físicos a Mecânica Quântica atual é perfeita e outra infinidade de físicos, mesmo sem ter uma familiaridade conceitual com a atual Mecânica Quântica, aprendeu a se mexer por ela, e esta enorme população de físicos acredita que o que falta a pessoas que como eu pensam é capacidade para entender a sua atual definição padrão.
 
Pode até ser verdade, mas não muda em nada meu sentimento de que falta uma revolução física na física do infinitesimalmente pequeno. Acredito inclusive que esta revolução já está em curso, e que a ambigüidade onda partícula possa se mostrar de uma terceira qualificação de algo que, por falta de nova palavra, chamarei de matéria. Sinto que aos poucos vem crescendo a comunidade de novos físicos que assim entendem. Quem sabe a atual Mecânica Quântica, apesar de vitoriosa em suas previsões, não seja apenas o reflexo de uma física ainda mais subterrânea, como o movimento browniano reflete a estrutura atômica/molecular que o envolve, parecendo assim meio aleatório, em conseqüência dos choques de moléculas e átomos.  


Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 16/02/2011
Reeditado em 16/02/2011
Código do texto: T2795665
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