O PROGRESSO CIENTÍFICO NO PONTO DE VISTA DE KARL POPPER

Tendo em vista os avanços científicos contemporâneos no que concerne á ciência natural, se faz necessário atentar para os métodos em que esta ciência está inserida e também como se utiliza para a confirmação destes avanços ocorridos. Ao longo dos anos a ciência natural tem sido questionada sobre sua segurança nas teorias descobertas e propostas e por isso, é indispensável uma análise sobre os métodos e o processo em que ela trabalha para corroborar estes conceitos que a cada hora são expostos. O desenvolvimento científico se dá através de processos complexos e de certa forma profundos e que por isso há motivo de verificar-se detalhadamente o seu desenrolar, e se preciso fazer uma crítica a estes métodos utilizados para que tal desenvolvimento ocorra.

Para isso analisam-se as metodologias de Karl Popper e Thomas Kuhn, e seus conceitos sobre o progresso cientifico. Não obstante nosso objetivo aqui é expor de forma sintética as metodologias utilizadas por estes dois autores da filosofia das ciências e suas contribuições para o progresso das ciências. O problema central da filosofia das ciências para Karl Popper se reduz em muitos aspectos ao problema denominado por ele como o de demarcação, ou seja, um método para fazer-se uma diferenciação entre as teorias científicas e metafisicas, entre ciência e pseudociência.

Todavia, é necessário entende que Popper ao tentar estabelecer um critério de demarcação, não está com o propósito de instituir critérios que excluam ou marginalizem quaisquer que forem os domínios do saber sendo que, o sentido aparece sempre em Popper como uma problematicidade que se expande imensamente por todas as áreas do conhecimento do homem. Deve-se deixar claro, porém que isto não é de forma alguma um regresso ao ideal positivista antigo, que percorria pela tentativa de unificação da ciência e também a proteção construída para esta contra qualquer ação da denominada metafísica.

Popper não considera o problema do significado como um problema seríssimo e na tentativa de encontrar um critério de demarcação ele tem como objetivo, delimitar uma área do discurso, ou seja, a ciência em si. E quando se fala em ciência as indagações surgem: quando afinal uma teoria é considerada cientifica? Ou existe um critério que determina se uma teoria é cientifica ou não? Porém, sabe-se que existe um fundamento básico para que qualquer hipótese venha ser considerada como uma TEORIA CIENTÍFICA e esta hipótese necessariamente deve ser falseável.

Popper não está preocupado em determinar a veracidade ou a falseabilidade e uma teoria, mas, sim na distinção entre ciência e pseudociência sendo que, por vezes aquela comete erros e esta acerta. Através de análises Popper encontra um critério de demarcação usado pelos positivistas que nada mais é do que a verificação, para eles uma proposição teria significado somente se fossem analisadas empiricamente para ter reconhecimento se serão verdadeiras ou falsas.

Já os empiristas lógicos que surgem em um momento mais recente, irão reformular este principio tendo como apoio as obras de Carnap, onde a verificação dá lugar a confirmação ao crescimento da observação e a experiência. Popper, no entanto, opõe-se a este raciocínio e também a toda e qualquer tentativa de lógica indutiva, onde se passa de um juízo particular para um juízo universal que é chamado agora de indutivismo tradicional. Após a rejeição do conceito de verificação dos teoremas científicos, Popper tentará reconstruir uma lógica da ciência, ou seja, que a lógica dedutiva venha suficientemente avaliar as proposições científicas, logo esta reconstrução dará espaço a um novo critério de demarcação.

Com este novo método de demarcação de Popper ficará explicito o caráter regulador do conceito metafisico de verdade, quando expõe o fundamento de seu falsificacionismo,onde a partir daí considera-se uma proposição é cientifica quando através de enunciados e com observação possa falseá-lo. É justamente pelo fato da teoria cientifica poder ser falseável é que determinará sua cientificidade, e neste caso pode-se avaliar o seu grau de verossimilhança que logo demarca e afasta de teorias pseudocientíficas, ou seja, a não ciência.

Para Popper existe algum critério para se determinar a regra cientifica de uma teoria, uma teoria que não esteja sujeita a refutação não pode ser considerada cientifica; todos os testes são tentativas de refutação de uma teoria, ou seja, estabilidade se assemelha a refutabilidade,sendo que são mais testáveis e consequentemente estão mais suscetíveis de refutação. As descobertas de novos fatos conforme as predições de uma teoria não confirmam esta teoria, mas apenas corroboram. Sendo que uma teoria quando corroborada e não refutada pelos testes adquire vigor, porém não a confirmar. Neste sentido, convém lembrar que o critério de irrefutabilidade de Popper tem como meta fazer divisão entre o discurso científico e os outros tipos de conhecimentos. Assim, fica perceptível que as afirmações metafisicas não possuem base cientifica, pois não podem ser falsificadas, porém Popper considera possível falar de metafisica mesmo não sendo considerada ciência, fato este que o diferencia dos indutivistas.

2. A PRECISÃO DA TEORIA DO FALSEAMENTO

A ciência se desenvolve graças às práticas e erros, às conjecturas e refutações. Assim, é o ponto de vista do falsificacionista que considera que a observação é guiada pela teoria, sendo que uma vez abandonada às teorias terão que ser comprovadas rigorosamente pela observação e também pela experimentação. Caso as teorias não resistam às provas. Devem ser eliminadas e substituídas por outras, também chamadas de conjecturas. Desta forma ocorrerá o progresso cientifico como já fora mencionado neste documento, sendo que assim também era o pensamento de Popper.

“O método da ciência é o método de conjecturas audazes engenhosas seguidas de tentativas rigorosas de falseá-las”. (POPPER, frag. p.3)

Segundo o método falsificacionista, através dos resultados por meio da observação e experimentação é que se pode constatar se algumas teorias são falsas ou não.

Outro método que também é utilizado aqui é o dedutivo, ou seja, parte-se de enunciados observáveis que são singulares e chega-se a falsificação de teorias e leis universais com premissas mediante a dedução lógica.

Para o falsificacionista a ciência é um conjunto de hipóteses que se apresenta em um modo de ensaio com o objetivo de precisamente explicar os aspectos que ocorrem no mundo. Para que uma ou então qualquer hipótese seja considerada como uma teoria cientifica ou até mesmo uma lei cientifica, esta hipótese tem de ser logicamente falsificável. Assim um enunciado que é tido por verdadeiro consequentemente irá falsear as hipóteses. Porém, caso um enunciado não seja falsificável então as ações que ocorrem no mundo podem ser as mais variáveis possíveis e mesmo assim não entram em conflito com o enunciado. Deve-se ter como algo claro, é que uma teoria ou uma lei cientifica é falsificada pelo fato da mesma fazer afirmações determinadas acerca do mundo, sendo que será considerada como uma boa teoria quando as suas afirmações de amplo alcance forem testadas e assim, resistam às falsificações. No caso de serem falsificadas, Popper dirá então que estas teorias devem ser rejeitadas no momento em que surge a descoberta de que a conjectura é falsa, e assim vai chegando-se cada vez mais próximo da verdade. Isto Chalmers comenta quando diz que aprendemos:

“A ciência progride mediante ensaio e erros”. (CHALMERS. Que coisa é essa chamada ciência? 1993.p.66).

No ponto de vista do indutivistas os conceitos são opostos aos que forma expostos, onde segundo eles só as teorias que são demonstradas é que podem ser consideradas como verdadeiras, e aceitos então na ciência. Já o falsificacionismo vê no indutivismo limitações, onde suas observações estão praticamente subordinadas à teoria. Para os falsificacionista, quanto maior o número de conjecturas que enfrentam a realidade e suas especulações, proporcionalmente maiores serão as chances de a ciência progredir. Faz-se necessário notar que o progresso da ciência no ponto de vista do falsificacionista começa com problemas na ciência, problemas estes que estão ligados às explicações de alguns aspectos existentes no mundo e os fatos que ocorrem comportalmente neste. Estes problemas são solucionados através de hipóteses falsificáveis que são sugeridas pelo cientista, sendo que essas hipóteses são criticadas e corroboradas. Algumas destas por vezes são eliminadas e outras podem ter mais êxito e assim passarão por testes ainda mais rigorosos.

No momento em que uma hipótese é falsificada após ter já passado por vários testes, surge entoa a criação de novas hipóteses que também se submeterão a novas provas e criticas. O processo é indefinido por isso não se pode afirmar que uma teoria é superior às demais por ter superado os testes que as anteriores não conseguiram.

A visão falsificacionista nos proporciona uma visão ativa e dinâmica da ciência em sí. Onde para eles a origem da ciência encontra-se nos problemas, e isto se pode ver no dizer de Popper, quando afirma em sua obra: “O futuro está aberto “que, mesmo quando obtenhamos uma solução para um problema, podemos mesmo assim descobrir uma família de novos outros problemas”.

Para o progresso da ciência há a exigência de que as teorias sejam a cada passo mais falsificáveis e que também obtenham mais informações, sendo que não se admite realizar modificações nestas teorias segundo os falsificacionista, e nem protegê-las das falsificações que surgem para esta teoria. Estas modificações que ocorrem e também a adição de um postulado que não tenha sido comprovado são chamados de modificações ad hoc. Tais modificações ad hoc são rejeitadas pelos falsificacionista, porém as modificações não ad hoc são aceitas por eles por que estas levam novas comprovações. Neste sentido, o falsificacionista deve rejeitar as hipóteses ad hoc e também incentivar a proposta de conjecturas mais audazes com certa evolução em relação às teorias falsificadas. Aquilo que é conhecido de antemão como certas conclusões é insignificantes para os falsificacionista. Por exemplo: se jogarmos uma pedra ao solo e confirmarmos através deste fato a teoria da gravitação de Newton, não estaremos contribuindo em nada para o progresso da ciência. Ou seja, uma nova teoria deve ser proposta quando possuir um conteúdo empírico adicional, sendo que este conteúdo quanto maior for então, proporcionalmente maior serão as possibilidades de refutações.

Quando referido ao conhecimento e evolução científica,Popper não concorda com a narrativa sobre a progressiva continuidade de observações e teorias, sendo que por meio de tentativas e com erros se resolvem problemas e também se criam outros. Um breve refletir em Karl Popper,(obrigado).

PEDRO ANDRÉ PIRES DE ALMEIDA

REFERÊNCIA:

POOPER,Karl. A lógica da Investigação Cientifica.Sao Paulo:Abril Cultural,1980.

___________.O futuro está aberto.Lisboa.Editorial Fragmentos,s/d.p.3.

PEDRO ANDRÉ ALMEIDA
Enviado por PEDRO ANDRÉ ALMEIDA em 14/02/2011
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