Peixe fora d'água

Não estou gostando de passar pela vida dessa forma tão insignificante.

Tenho me sentido como um peixe fora d’água, sem poder andar, sufocando, vendo a luz cegar meus olhos, esperando que anoiteça; pelo silêncio, pelo breu, pelo sonho, pela esperança de que chova, a maré suba e a água venha até mim. Porque eu estou sem forças, não consigo mais me remexer na areia, tem machucado minha pele, tem doido em minh’ alma.

Sinto saudades da imensidão do mar, e aqui, jogada, fraca, nem se quer consigo vê-lo, e o cheiro da terra tem me feito esquecer o perfume das águas. Mas, resta-me ainda o sabor do sal, sutil, perturbador, perdendo sua essência... É por esse sabor que ainda estou aqui, com fé de que poderei senti-lo com fervor novamente.

Poupo meu fôlego enquanto espero pela chuva. Mas, sei que o tempo passou, o oceano mudou e a onda responsável por meu resgate não será a mesma que me trouxe até aqui.

O pior é que até agora, só eu senti minha falta, e a falta de tudo o que ficou, e partiu...

Hoje só me resta olhar para o céu, respirar calmamente, negar à terra meu ultimo suspiro, e sonhar com a onda vindo até mim.

O que me preocupa é saber que peixe fora d’água não dura muito, e aqui, minha existência torna-se, assim... Insignificante.