Fardo
Dizer a mim mesmo que o que difere meu silêncio de uma inacabada dispersão …
É o fato de me saber melhor , ou pior , ou igual
Em nada me ajuda a deitar , ou colher …
Se pedi e não tive , se solucei sozinho
Não é culpa de ninguém … badalo o sino dos meus dias
Num compasso não armado , nos minutos que não conto
Por não sentir mais prazer em planejar algo a mais que um dia
Conta o meu corpo , que o desgosto acarreta em fascínio
Com um olhar de criança malcriada , contra uma parede cor de mel
Num canto úmido , chove , hoje … mas é o mesmo dia
Quem sabe se eu lucrasse algum de qualquer dos meus valores
E tivesse a resposta de todos os meus delírios
Alcançasse uma ou outra projeção , me marcasse como gado
Ser meu dono e meu melhor ser , abraçado com carinho
E me amar por ser eu mesmo , não me valer de ser sozinho
E me trancar do lado de fora de todos os bons momentos
Criação esperta essa … quase que fala comigo
Estou perdendo a ânsia de liberdade
De apresentar nomes aos males
Ateando fogo às dragas … pra nunca mais ter que buscar
Achei que se dissesse todo dia , o que sinto há muito tempo …
Seria mais fácil me desprender do realismo
E dois passos adiante , olhar pra trás começaria a soar como alívio …
Ao tempo , a tudo … a mim mesmo
Tentar .
Daniel Sena Pires - Fardo (20/01/2011)