Adágio

Uma estranha corrosão toma conta do meu ser. Do Ser. Já não sou mais. Não o que supunha ser. Fui aniquililado pelos dias. A coesão já não faz parte de mim como um dia fez. De forma parca, mas fez. É estranho, pois sinto que deveria estar aflito com isso. Todavia, chego a ficar embotado com essa ciência. Algo morreu, ao que parece. A corrosão supramencionada são os vermes se alimentando desta minha Morte. Meu estado de espírito, um luto. Minhas palavras, escalavradas na pedra da eternidade, um triste adágio. Antecipando o fim da carne transitória. A morte interna, primeiro. Alma moribunda, antes. Corpo apodrecendo, depois. E história, afinal.

21/01/2011 - 03:41hs

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 21/01/2011
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