O "Não-Amanhã"
Era manhã ainda, na triste cidade esquecida. Aqui, na terra do abandono, pra onde seguem todas as lágrimas, todos os sonhos findados, todo sorriso que não nasceu, todo abraço não-dado, toda vida não-viva, cada adeus, cada dor, aqui nessa terra não tão distante, eu procuro algum elo, algum traço com essa vida que, ainda minha, nunca foi minha. Eu vou perscrutando o vago sabor de uma lembrança ainda recente, mas que me parece ser de uma vida antes da vida, plantada num canteiro de flores em tempos onde o tempo nada tinha de tempo e ainda havia tempo pra se esquecer do tempo.