Era o Dia
Era o dia do fim da auto piedade inexistente – era a janela aberta e a noite sobre os olhos, reflexo dos meus fins - escuro. As maçãs não dormiam em mim, seus ramos eram secos, os galhos tristes e a melodia perfumada a solidão. Ótimo dia para suicídio ou para um texto fantástico. Lábios tocavam o ar, indagando-se sobre o sabor do vento, se esse que me toca era o que estava em outro lugar e havia me tocado. Se o gosto era o que fora, e por que esse novo sabor sem gosto, por que o vazio da existência a cada dia ganhava um tamanho maior, que eu sempre podia suportar sobre meus sonhos exaustos de inrrealização e cada vez mais esquecidos em mim. Era o pior dos dias, desejava uma dose de sono latente, uma faca dançarina, o mais quente das sombras, o cerne da perdição. Livros, poesias e música. Entendia cada suicida, e todos os loucos. Era o dia, era o pior de todos os dias - até então.