Azul

E se for mesmo verdade o que eu penso que sei sentir ?

Não seria justo

Cada caso contado , ou experiência obtida

Elabora um pouco mais de insegurança

Bebi de uma fonte abstrata , surgida dentre as dores

Percebi que , ao ser sincero , perco vida um pouco mais rápido do que os outros

E que se eu não roubar as cartas que me faltam …

Padecerei , acostumado a não gostar de nada

Mas é claro que não posso me cansar assim …

Nos meus sonhos , há sempre um bom motivo pra acordar

Isso é de uma tristeza maciça , um misto calado de medo

Doravante eu provavelmente ria , escaldado … mas sem porquês

Se até o céu azul , me faz chorar …

O que eu posso dizer contra o meu instinto , contra mim mesmo ?

Nas minhas mãos , no meu desconforto …

Na minha inadequação …

Aqui , sob meu domínio … em minha paleta , numa espécie de arte morta …

Está tudo o que eu tenho …

Me chamando de fraco .

Incompleto .

Mas sensato .

Daniel Sena Pires - Azul (12/12/2010)