Vaga-lume
Ao vaga-lume aprisionado, o que lhe falta se não o céu?
Voarei cada dia mais pra longe do que não é meu...
Entres as árvores da minha vida de inseto bem pequeno...
Com bater de assas que aceleram meu desejo...
Minha luz?
Tão ínfima, nem sei se todos podem ver...
Se as coisas que procuro, pelas noites a morrer...
Não encontro no distante, da minha vida alvorecer...
Batendo assas pelas madrugadas, sem destino...
Fugindo nas campinas dos ataques dos meninos...
Tentando esconder o que a natureza me deu...
Uma luz na escuridão, brilho que a noite, ilumina o corpo meu...
E me faz tão distraído...
Alvo fácil do perigo...
Nos olhos da menina, voo lindo e corajoso...
Faz ainda que de de sonhos...
O anoitecer mais majestoso...
Olha pra mim enquanto passo devagar...
Batendo compassado minhas assas cintilar...
Feche agora os olhos e retorne ao passado...
E te lembras com carinho das tardes do ocaso...
Onde tu corrias pelos prados, pelos brejos e alagados...
Procurando com furor, inocência e pecado...
Pela sorte e com êxito me manter aprisionado...
No potinho de vidro, que destrói uma vida...
Onde bato minhas assas procurando uma saída...
Já nem quero mais brilhar...
Queria mesmo é voar...
Num descuido o pote cai...
Entre os cacos pelo chão a alegria de quem sai...
Se liberta da prisão...
Essa fonte de segredos...
Que alimenta a ilusão...
Pirilampo voador, sobrevoa teus segredos...
Te fitando com cautela, me escondendo em arvoredos...
O potinho é nossa vida...
O menino é o destino...
A queda a despedia...
A tampinha nosso medo...
Os cacos o passado...
Meu voar os teus segredos...