esperança
Hoje eu respirei o verde
O porquê de uma alegria que se agigantava em meu peito por ver e sentir a singeleza da vida nos traços da natureza era um afago de muitos corações. Eu corria os olhos pelo manto agreste que se estendia sob meu corpo, respirava a terra molhada... Eu deitada no mato e era fim de chuva, era início da tarde e de novos conceitos sobre a existência. Meu olhar seguindo as gotas de água que deslizavam pelas folhas, e como cristais lançadas a terra em pequenas explosões, e como a vida, segundos na existência de uma beleza que refletia tudo ao seu redor. Pude sentir o perfume das raízes, dos frutos, das flores, como se a seiva da terra me alimentasse doando de si as possibilidades de recomeço, de inovações, e idéias. Sobre como transformar palavras em algo etéreo que se possa sentir como extensão de humanidade, como extensão do sentir, da vida e suas simplicidades preciosas. Reafirmei valores já instalados na alma, e compreendi coisas despercebidas em outras caminhadas
No céu, bem no alto da castanheira-mãe, deslumbrei um ninho de gavião real, banhado pela sutileza de cores-luz inexprimíveis. Como promessa de novos ciclos, eu ocultei falar sobre tal descoberta, e guardo as imagens captadas na alma
Sei que os filhotes estão lá, e que a castanheira também está se doando para protegê-los e que a vida resiste às intempéries
e isso eu chamo de esperança...