Da Desesperança

Muito do que eu anulei ontem me anula hoje. É o fado que eu carrego por sonhar. É a premiação da vida por ser visionário - e procrastinador crônico. Misturo isso a um pouco de falta de sorte. Sim, a sorte conta. A sorte existe. É uma realidade tão tangível para uns como é mera e rasteira fumaça sépia que torna meus passos capciosos. Fui traído pela minha imaginação. Criei dons que não possuia e talentos ínfimos que não poderiam ser desenvolvidos nem em mil anos de vida. O que mudou do ser humano que talhou os caminhos que trilho é somente a percepção das coisas. O que é pior, o que torna tudo muito pior porque a preguiça continua sendo a mesma e, sem o véu insólito das quimeras, a dita cuja é acentuada com a certeza de que muita coisa não vale o esforço que poder-se-ia fazer por elas. Em suma, só me resta o de sempre: esperar.

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 11/01/2011
Reeditado em 11/01/2011
Código do texto: T2721860
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