Para E-Malambadoce. Apocalipse.

Loyd era um dos sobreviventes do Massacre Eletro-Pancadão. A maldita Freagle, empresa Megaüberzord Lv.99 de chaveiros e dispositivos GPS, que sempre fizera o possível e o impossível pra manter todos interessados em seus planos de domínio informacional com o mínimo de esforço, crescera e crescera, descomunalmente, até virar de aranha em polvo e tomar a proporção de "órgão controlador de tudo e todos" – inclusive, claro, e quase que obviamente, da vida humana...

Daí, após uma sucessão interminável de troca de mandatários do globo, finalmente chegou o (teidoso) dia em que um de seus líderes (que era também o grande presidente da grande instituição-empresa chamada Abajur-listrado-laranja) resolveu tocar finalmente fogo nos dominós e fazer daquela vilazinha do chaves sua primeira pequena grande cobaia.

Pois bem. Sabemos que algumas horas antes (5 horas e 22 minutos, pra ser exato) Loyd e todos os seus vizinhos que dormiam como bebês, era terça e não haviam dado as 5:00 da matina ainda, foram acordados da pior das maneiras, arrancados dos braços do sono por um tipo de /música infernal/, que tocava absurdamente alto e vinha de algum lugar que todos desconheciam.

Consistia, era perceptível, dum composto diabólico de uns 90% de funk, 80% de techno e uns 70% de ditos/frases sombrias, a maioria proferida em inglês; mas havia aqueles em outras línguas também. Números que somam, claro, 250%, que é um número bem /arroubado/ e que, deste modo, representa bem a rapidez da loucura que começava a cravar as garras nas órbitas dos cidadãos do entorno.

Logo compreendeu-se que aquilo não podia ser obra dum vilão comum e qualquer. Desesperados para encontrar a fonte daquela insanidade-supersônica santarrônica, alguns moradores, aqueles que eram trabalhadores metidos com construção civil ou empreiteiros, saíram às ruas munidos de suas "armas" (britadeiras, alguns com picaretas...) a inutilmente tentar guiar-se pela vibração poderosa, buscando encontrar pra poder destruir aquela maldita fonte de som. Lóide, esse maluco informadíssimo, paranóico como a mulher do Brad Pitt e que há muito pressupora que algo assim por fim aconteceria, simplesmente enfiou nos ouvidos seus tampões de algodão vedados com creme de barbear e, portando a britadeira que arrumara com aquele seu amigo gordinho da Sabesp, – chamava-se Batata, o gordinho – além dum cilindro de papelão grosso e de conteúdo misterioso, saiu pra encontrar finalmente com o seu destino. Digo, foi lá fazer o que há tempos previra que teria um dia de fazer.

Não foi uma questão duns vinte minutos até que o rapaz encontrasse a fonte da insânia. Estava a uns 600 metros de sua casa, na rua XXXXXXX de XXXXX. (No trajeto, arrastava o tubo pesado e com alça...) Ao redor do emanador de som, como previsto, não haviam muitos seres. Bom, haviam: simplesmente, uns jovens malucos que, por motivos inalcançáveis à razão de um comum, estavam ali a lubrificar as juntas, dançando saltitantes como se aquilo fosse uma última rave demônica a ser dançada antes do fim de tudo. Deviam é estar bem chapados, isso sim... Porque a maioria do povo da vila só podia estar mesmo era dentro de casa, à beira da loucura, do suicídio, de arrancar os olhos, cortar as orelhas, ou qualquer coisa parecida.

Olhou reprobatoriamente para os rapazes, que por um instante pararam com o remeleixo e estudaram furiosamente a sua feição; mas logo já estavam a dançar de novo. Com um gesto de fiquem longe, Loyd abriu a tampa do artefato cilíndrico e pôs-se, lentamente, a arrastá-lo em um círculo; pra que o conteúdo interno fosse despejado, quase uniformemente, pelo chão. Fê-lo por quase 2 minutos, ao fim dos quais parou, e obervou. Podia já saber com certa exatidão onde é que estava o ponto buscado. Despejou um pouco mais daquele material, polvoroso e um tanto pesado por cima da área em questão e, voilà, eis seu alvo. Após checar mais uma vez os rapazes, que agora adotavam uma postura um tanto estranha, de curiosidade, mas ainda um tanto furiosos, buscou a britadeira e começou a metralhar o chão, e em alguns segundos rompia-se a película de pavimento que antes acobertava o maldito dispositivo sônico.

Continuou. Mais umas metralhadas certeiras e o som parou. Ótimo...

...

Estavam todos “felizes” de novo, como talvez nunca estiveram antes. Mas, provavelmente, não para sempre...

Porque, Loyd sabia, a Freagle, aquela maldita empresa vendedora de "coleiras auto-adesivas", desconhecia completamente o significado de ponto-sem-nó. Ou então decidira por não incluir tal expressão do corpus de sua ferramenta hipertrupertradutora, o Freagle Translator... Era bem possível, então, que aquilo não ficasse assim tão "barato"... Assim pensava Loyd, e com toda a razão.