os significados que passam
“Quantas chances desperdicei!? Quando o que eu mais queria era provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém”
É no mínimo desconcertante admitirmos a frivolidade de muitos significados que arduamente sustentamos ao longo da vida! Pode parecer descaso meu adjetivá-los de frívolos, mas, o que ocorre na realidade, é que os significados existem em função de nós mesmos e ponto. Existem por causa de nossas vaidades, ou indo mais longe (na verdade perto), eles estão aí em função de nossa necessidade implacável de lidar com o desespero que é viver, existir no sentido fenomenológico. Por que não abandonamos todos eles? Porque não ficamos sem significado algum para as coisas que aparentemente dele carecem (se formos cuidadosos veremos que nós é que carecemos)? Ou senão, por que não criamos novos significados ao nosso bel prazer? Satisfazendo nosso ego? Ao menos seria mais proveitoso, não?
A questão central é que passamos a primeira metade da vida, assumindo tudo isso que nos adoece, sem ao menos questionar. Ou, se questionamos nos sentimos culpados e logo tratamos de argumentar e defender nossas neuroses. Na segunda metade, passamos sofridamente tentando entender o caos instalado em nós, a veracidade dos sentidos dados até então como o faço agora e buscando espaços em meio a essa luta para ser feliz e fazer valer a pena diante da agonia de admitir que muitas chances foram perdidas. Pois, o mundo construído em nós destoava e se opunha ao mundo de fato, e talvez por isso os desencontros sejam tão freqüentes.
E nessa noite de natal, noite de mais um grande significado, me bate esse desejo de, que se preciso for, abrir mão dele e de tantos outros para ter a lucidez necessária para estar pronto diante das chances, quem sabe eu até o faria..... Mal acabo de escrever e já me sinto culpado em racionar essa possibilidade! Perdi a chance de escrever mais, por causa da força do significado. E assim seguindo vou...Passeando por chances fantásticas que não podem sequer serem vistas..e se podem, não devem ser admitidas!.... “E agora José? A festa acabou... o povo sumiu... e AGORA?”