Prados de Nostalgia
Eu olho hoje nessa sala vazia
Tentando lembrar dos detalhes
Essas vírgulas incessantes que sempre haveriam
As mudanças no corpo e na alma
Como tudo ficou cinzento e sombrio
Como sempre é frio e doloroso
Crescer e entender que nada faz sentido
E descobrir que há na culpa essa grande fuga de “si”
Essa criança linda, cheia de adornos etéreos
Está envelhecendo, criando raízes num solo impuro
Manchando o piso silente onde correram os anos
E deixando à mostra esses poemas sem vida, sem magnitude
Olha pro trono áureo, o cetro enferrujou num canto
Dos anjos só restam fábulas e sombras
O castelo está enegrecido, todos se foram
E agora? Pra onde você vai quando não pode confiar?
Você sabia que um dia tudo ia passar
A sua juventude, a sua beleza, sua verdade
A sua revolução era uma maneira de não se aceitar
Culpando tudo a sua volta, mas sua dor era você
Quem você é? Pelo que tem acordado todos os dias?
Existe algum motivo pelo qual morreria?
Olhou pra estrelas hoje? Sonhou com um mundo melhor?
A sua vida abraçou a morte e o primeiro a morrer foi seu “existir”
Os velhos prados da lembrança
Ainda encharcados de nostalgia
Hoje se curvam em doçura e imensidão
Algo de quando ainda se pode acreditar