Tempo
Hoje me veio uma pergunta:
Quem é você tempo?
Um período entre eventos?
Ou simples cronologia?
Um espaço entre o sim e o não?
Avesso de euforia ou acordo de senão?
Se me dá o teu tempo, assim como me darias...
Teus intentos mais profundos, sem o tempo eu saberia...
Que de certo tu farias, toda via mais que isso...
Se não fosse seu receio, desse tempo tão amigo...
Passos largos no pisar da conciliação...
Pegadas tão profundas que afundariam o coração...
A quem é mais propicio o tempo?
A quem vem na sua alma, ou a quem espera um sentimento?
Se eu sou água, levo um tempo pra correr...
Se eu sou noite, mais ainda alvorecer...
Se é você saudade, não importa quem eu sou...
Mas se eu for a saudade, me importa quem ficou...
O tempo é espaço, entre coisas entre laços...
Vai curando machucados, desmontando os passados...
É a escolha que magoa, por não ter quem a suporte...
Embalada pelo tempo, desfazendo minha sorte...
Encontrei você ali, bem quieta e perigosa...
Se me deres esse tempo, eu aguardo a resposta...
Logo ele tão astuto, que se mete em quase tudo...
Vive cheio de caprichos, esse tempo vagabundo...
Sorrateiro e cuidadoso, uma virgula abstrata...
E dá respostas de si mesmo, de uma forma imediata...
Mas me deixas, sem saídas, esperando suas datas...
E foi você quem me deu isso...
Esse tempo bailarino, que afogas meu destino...
Sem saber que na espera eu carrego um compromisso...
Compromisso de querer, de saber quem é você...
Que me botas de castigo, esperando seu querer...
Se os dias já não voam, ou se as noites não tem eco...
Eu me guardo num silencio, esperando ali quieto...
Que esse tempo vá embora, e você chegue mais perto...
E me tragas sem barreiras, nem com arrependimento...
Esse mundo de encantos, escondidos pelo tempo.