UTOPIA?
Se pudesse...!
Se tivesse a varinha de condão,
Não lhe dava férias para gozar:
Eliminava do Mundo a confusão,
Para em paraíso o transformar.
Faria os homens mais amáveis,
Sem contendas nem peleias,
E por serem dispensáveis,
Faria museus das cadeias.
Diria a cada governante,
Para ser digno de tal lugar,
Para respeitar o semelhante,
E de seu cargo não abusar.
Para as crianças abandonadas,
Fazia um lar digno e acolhedor,
E para as que são maltratadas,
Impunha respeito e mais amor.
Dava por findo todo o conflito,
Com que o mundo se guerreia,
Para ao homem não ver aflito,
E dar-lhe a paz que tanto anseia.
Voltava a encher os nossos rios,
De água transparente e cintilante,
Para que de novo fossem sadios,
E a pesca neles fosse abundante.
Faria, porque a musica é alegria,
Uma orquestra de cada batalhão,
Onde em vez das armas, soaria,
O som melódico de uma canção
De cada míssil faria um balão,
A pólvora em farinha transformaria,
E todas as peças de um canhão,
Em fino chocolate derreteria.
Faria das minas, nascer jasmins,
E cravos brancos das pistolas,
Faria das paradas, belos jardins,
E dos quartéis, novas escolas.
Das balas em fita, faria terços,
Para que o Mundo orasse mais,
Das fragatas construía berços,
E dos cruzadores fazia hospitais.
Aos porta aviões iria transformar,
Em barcos de descanso e recreio,
Onde todos pudessem viajar,
E fazer pelo mundo o seu passeio.
Dos Paióis faria dispensas,
Onde armazenaria alimento,
Para apoiar quem tem doenças,
E garantir o seu sustento.
Faria com que o rico se privasse,
De algum luxo e desse uns cobres,
Para que da mingua aliviasse,
E tornasse felizes alguns pobres.
Poria termo á miséria e á fome,
Á guerra, violência e terrorismo,
E até á droga que consome,
E leva os jovens ao servilismo.
Bania para sempre o egoísmo,
E o orgulho de que sofre o homem,
Assim como a inveja e o cinismo,
Ou outros males que o consomem.
Diria a quem tem, para não esbanjar
O que sobra de tanta riqueza,
E para com o pobre a partilhar,
Tornando menos pobre a sua mesa.
Faria com que jamais faltasse,
O pão na boca de ninguém,
E daria para que se abrigasse,
Uma casa a quem não tem.
Renovava a fé e a esperança,
De que tanto carece a humanidade,
Punha fim ao medo e á insegurança,
E também ao crime e á maldade.
Faria com que fosse cumprida,
A lei, por todos sem excepção,
E a justiça fosse por igual exercida,
A rico ou a quem não tem tostão.
Abriria escolas de formação,
Onde aos políticos ia ensinar,
As artes da boa governação,
Para serem mais justos a mandar.
Retirava de imediato a imunidade,
Aos governantes e dirigentes,
E aplicaria o critério da igualdade,
Fosse a abastados ou a indigentes.
Libertava já da sua prisão,
E conduzia ao verdadeiro lar,
Todos os animais de estimação,
Que o homem lá foi roubar.
Faria um Mundo de paz e segurança,
Onde o terror e o medo não existissem,
Onde reinasse de novo a confiança,
E todas as portas, a todos se abrissem.
Faria que não houvesse vinganças,
Nem ódio, nem dor, nem pranto,
Faria anjos de todas as crianças,
E de cada homem faria um santo.
E antes que o poder acabasse,
Faria que todo o Mundo ouvisse,
Quem faz o bem, e dele copiasse,
Os bons exemplos e os seguisse.
E com a força que me restasse,
Por ultimo ao homem gritaria,
Que frente ás trevas não vacilasse,
Nem deixasse findar o dia.
Depois de tudo isto feito,
E nada mais restar para fazer,
O mundo enfim, estava direito
Eu, podia em paz morrer!