Reverso

Vou quebrar os aparelhos do tempo

Deixar-me guiar pelo vento.

Sem pretensões de mudar o universo

Feito já em perfeição

Mudo o que me cabe em versos

Pois aqui posso ter o reverso

Sem ferir a criação.

Nem em pensamento ousaria contestar

O ciclo natural das coisas.

Mas nas trovas quem manda é o trovador

Brinca com seriedade e sorri na dor.

Posso dar o rumo que quiser a meus pensamentos

Sem a tirania da época determinada

Que até mesmo pra morte tem sua hora marcada.

Esse é o maior presente que a vida consente.

Olhar o arbusto robusto ou não

Pintar o tronco com coragem

Colocando a cor que quiser na ramagem.

Fazer lambanças...como criança

Pintando o mundo com a cor que vier

Sem ficar preso a traços... desenhar

A casinha,o sol, a árvore...um caminho

Dando a cada coisa o jeito que quiser.

A árvore bem maior que a casa

O sol lá no fundo com riscos disformes

Simulando seu brilho

Sem eixos de simetria

Dando traço certo apenas a alegria.

Entregar a obra

Nas mãos do Mestre.

Como aluno

Que após horas afio

De dedicação esmerada.

Dobra o desenho

E corre até a mesa da professora amada.

Numa atitude incontestada

Entrega-lhe em orgulho tamanho

Esperando que as mãos apressadas

De obrigações desenhadas

Possa entender a riqueza da imagem apresentada.

Precisamos usar olhos de adultos

Sem menosprezo a simplicidade.

Rindo de nossas próprias travessuras.

Receber tudo com mãos inocentes

Entender a verdadeira superioridade

Isso que traz de fato a felicidade.

Cega aos olhos de tanta gente

Que absorta e inconseqüente

Deixa tudo passar tão rente.

Quão rica seria a humanidade

Se conseguisse traçar com sinceridade

A isenção das culpas natas e inatas

Que aos poucos nos mata.

Mas enquanto isso não é possível

Ao menos enquanto Ele não voltar pra resgatar.

Podemos traçar o riso

Das intenções bem assistidas

Ficando prontos para a hora do encontro.

Sem medo de perder o rumo da situação

A que foi imposto pelo peso da obrigação.

Ter coragem...

De ser diferente na igualdade

Sem ferir a própria lealdade.

De não precisar fazer igual

Pra ser aceito e tal.

De ter a coragem

De não aumentar a fila

Do errar igual

Pra que no final da vida

Não precise bater no peito

E dizer numa arrogância vazia

Bom ....eu tomei tudo por...IGUAL

E não estou com azia.

Não respeitei as diferenças

O que vale é minha pouca crença

E minha hipocrisia.

Lucinda
Enviado por Lucinda em 06/01/2011
Código do texto: T2712502
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