A indelicadeza do dizer simples
"Tudo deveria se tornar o mais simples possível, mas não simplificado." (Albert Einstein)
Não é a forma como se entende melhor o simples, mas sim quem domina a engrenagem do fazer acreditar no simples é que é indelicado. Quem aceita o dito descomplicado sabe que não se chega muito longe sendo curta a extensão do dizer simples e a maioria das vezes não leva ninguém a lugar nenhum. A forma simplista serve apenas para o que é simples e o simples nos condiciona sempre para o leigo, pois ele atribui ao fantasioso o que não é do fantasioso, tornando ignorante quem o toma como verdade simples. Vejamos um exemplo: o leigo ou ignorante atribui e agradece sempre a São Pedro quando a chuva cai e a explicação imediata para o fato de a chuva cair é sempre São Pedro, pronto simples e direto São Pedro faz a chover nada mais e, no entanto não vejo complexibilidade nenhuma em dizer que uma frente fria se chocou com uma frente de ar quente vindo assim a formar uma nuvem carregada que fará a chuva cair.
O homem simples se deixa enganar facilmente ele aceita demasiado satisfeito o involuntário por que não tem fôlego o suficiente para revidar ou simplesmente acha o momento inoportuno. Esse achar inoportuno o momento em que se precisa estabelecer o que é de opinião própria é a base imediata para o cadafalso. Os pais explicam tudo de simples que aprenderam a seus filhos e essa é a causa primeira pela qual os filhos crescem desnutridos e dão continuidade a uma filosofia de vida totalmente decadente negando as proteínas e ingerindo o que só faz mal. A infância é refém da simplicidade ingênua das coisas, deve-se explicar simplesmente o que é realmente simples a uma criança, mas ao em vez disso explica-se o complexo de maneira inventada até que se toma como simples de forma contraria e pequena. Dessa forma não vejo desenvolvimento argumentativo em ser algum, vejo apenas seres guiados por pensamentos minúsculos pelo fato de ser simples seu entendimento. Vejo ai pura ignorância de seres que se sustentam e se contentam com o pouco e capto aqui de imediato o porquê de a humanidade ainda não saber sair do labirinto de enganação que só se alarga a cada década.
Não vejo se quer mínima poeira de inteligência na simplicidade de algumas coisas. Ao olhar para a extensão do universo e perceber de longe uma serie de planetas sustentado por uma gravidade girando em torno de um astro reluzente a ponto de nos esturricar a milhas de distância, além de outras diversidades de astros que rondam o universo ainda desconhecido em sua infinitude, com uma vasta quantidade de gases que são responsáveis pela existência humana. Ao pensar tudo isso e presenciar um bando de falastrão aderindo ao capitalismo e querendo se sobre sair pagando de santo ou de homem de fé com seu altruísmo repugnante de atribuir toda essa complexibilidade do universo a simplicidade divina chega a causar agitação nas ideias de tanta falta de indelicadeza moral. Para um ser ter criado o universo é óbvio que ele precisaria ser bem mais complexo. Atribuir-lhe uma serie de cordas em que se controla tudo feito marionetes é bem mais simples que admitir sua falsa existência.
Na natureza nada é simples do menor ser existente ao maior ser possível corre entre suas extremidades mais curtas uma complexidade extrema. Sem contar com a complexibilidade que envolve o nascimento entre seres de mesmas espécies em que um gameta se sobre sai entre milhares se unido ao óvulo para formar um embrião que formará assim um novo ser dentro de outro. É simples isso tudo? Essa é a grande pergunta. É simples explicar a vida, o universo, a arquitetura corporal do ser humano, seu cérebro, toda sua genealogia? É simples isso tudo? Estamos envolto do complexo e só o complexo pode explicar a maioria das coisas que precisamos saber. Podemos tornar o simples complexo mais jamais tornaremos o complexo simples.
"Complexidade é agitada e, por isso, barulhenta. O Simples é tranqüilo e silencioso. Deus está na tranqüilidade da alma e no silêncio. O estado tranqüilo e silencioso é a Simplicidade Essencial, a condição máxima da Beleza do espírito".
Trecho extraído do texto O DIZER SIMPLES do blog DO NADA À EXISTÊNCIA de Rômulo César Souza
Ai Rômulo, Rômulo desconfie do que é tranqüilo a sempre uma surpresa por trás da tranquilidade que pode ser assustadora. Tudo o que é nítido se faz por agitação deixando bem claro o que se pretende, essa inocência do Rômulo em achar que a sombra é sempre cômoda é a infeliz vontade de querer ir além sem revidar o que é totalmente inútil. Não se deve nunca sentar-se a sombra e acomodar-se por que alguma coisa causa medo, por que alguma coisa é complexa, barulhenta de mais para seus ouvidos assim a fraqueza do ser se mostra abertamente e então comprova a pequenez de espírito. O Rômulo acaba de negar a verdade, pois toda verdade tem sua complexidade estabelecida dentro de um barulho assustador, a verdade é barulhenta. Aceitar o simples por que o simples é tranqüilo é covardia, é não querer aceitar o que é certo, é não querer admitir o errado, é querer descaradamente deitar e dormir estando tudo por arrumar, estando tudo mergulhado no caos. Rômulo o barulhento tem aquela ponta de justiça que a maioria das vezes derruba as inconstâncias.