OLHANDO PRA BAIXO E SÓ PRA BAIXO. MAS É O QUE QUERO FAZER HOJE.
Há um cansaço guardado em mim que volta e meia me toma nos braços e me carrega por aí. Vou com ele sendo levada aonde tivermos que ir, porque não vou quando e aonde quero, eu vou porque tenho que ir.
Me cansa a vida.
Me cansa a morte.
Me cansa a contabilidade dos anos que faltam.
É tão idiota olhar para alguém e saber que falta pouco. É tão idiota olhar para si mesmo e saber que faltam menos 25 anos. É tão idiota ter prazo de validade.
Meus pensamentos sobre a morte nunca morrem. Estão sempre lá. Na hora de dormir todas as outras coisas dentro de mim dormem, menos eles. É o inferno.
Se quando eu morrer, for mesmo para o inferno, juro que vou dizer: "tudo bem".
Eu já conhecia.
Eu já sabia.
Eu já sei viver assim.
Não que minha vida seja um inferno. Pensar nela é que é.
E quem não pensa nisso, e quem jura que acredita no depois, na continuação, no além, quem acredita que a morte é passagem, que é bonita que faz parte, que é NATURAL... É louco. Ou se faz.
Ou ainda, no mínimo, é um perfeito hipócrita.
Mas isso todo mundo sabe.
Nada pode ser melhor do que viver. Por que ficar tentando provar o contrário com religiões e crenças abstratas e sem fundamentos? Me irrita acreditar no que se pensa que se sente e não acreditar na vida. Na carne, no osso, no sangue. No outro.
Amar o próximo requer, em primeiro lugar, que se acredite na existência dele. Cristo não disse nada além disso. Não disse que amar o próximo é o caminho do céu. Só disse que o outro existe. Do jeito dele, mas existe. E ele teve que dizer, porque ninguém acreditava.
Nem nunca acreditaram.
Nem acreditarão.
O céu é aqui mesmo. E o inferno também. Nenhuma novidade.
Mas eu só estou sendo carregada...