Escrever vicia
Escrever vicia
Mas de todos os vícios
O melhor
Não aprisiona... liberta.
Mas como todo vício
É preciso ter cuidado
Para não se corromper
Pois no seu estágio final
Quando tudo já está crônico
As palavras prendem
Num mundo muito particular
Negando o controle de ser igual
E precisamos ser iguais.
Escrever é antagônico
No momento do controle
Tudo nos foge.
E nem sempre é o que se vive
Passeiam pelos vizinhos.
Recolhem experiências
Sem leviandade
Mostra a realidade
Sem a funesta falsidade.
Mas um pequeno lapso
Pode levá-las
Fechando entradas
Negando acolhimento
Sem direito ao escape
De nossos sofrimentos.
Sem elas não vejo
O equilíbrio da vida
O peso das palavras
Contrapondo a necessária leveza
Dando igualdade a essas forças
Descrevo o tráfico e a beleza.