CILADAS
A juventude precisa perceber que os meios por ela utilizados para protestar contra a sociedade ou para inventar uma outra paralela (veja, por exemplo, a moda punk, a dieta natural, as seitas e os gurus) não levam a nada em termos de transformação, além de desgastar o próprio conceito de impulsividade inovadora da juventude enquanto voltada para a realidade como um todo.
Tentar uma saída individual ou, digamos assim, “visual” para os problemas do mundo e da própria juventude, me parece que é estar fazendo o jogo dessa mesma sociedade que criticam, ou seja, aquela que aliena a todos e que busca fazer o mesmo com aqueles que criticam a alienação por ela promovida.
Assim, se os jovens de repente aderirem todos ao nudismo, não estarão conseguindo nada com isso porque a sociedade irá absorver essa manifestação tirando dela a possível carga de revolta e devolvendo-a para o público jovem como sendo “a última moda do verão tropical”.
Mais uma vez os jovens estarão enquadrados num esquema previamente elaborado no sentido de esvaziar e ridicularizar o conteúdo revolucionário da juventude, além de promover um descrédito total em sua capacidade de mudança.
Portanto, se os jovens quiserem (e devem realmente) dessacralizar e desmistificar, devem começar por aí, ou seja, veicular através de sua vivência um corpo de idéias elaboradas de acordo com um projeto filosófico e, se possível, estético.