Lauto banquete das letras
Um poeta não deve ter comedimento com as palavras. No lauto banquete das letras deve ele fartar-se, como um esfomeado, com uma gula indômita, quase frenética, quase febril. Na Literatura não devemos ter parcimônia, mas sermos glutões. E quem criticar nossa gulodice melhor faria se não participasse do banquete. Um verdadeiro poeta não deve esperar louros ou adulações ou se confranger com críticas desairosas, vindas dos demais convivas, dos demais comensais, pois os mesmos podem estar inebriados pelos modismos e não concatenarem bem as ideias. Somente a sobriedade divina pode julgar um poeta. E o divino está em nós, imanente em nosso âmago. Então somente um poeta pode julgar-se a si mesmo, através da lucidez transluzida da sua criação poética.