Nove Décimos de Insônia

I

Silêncio que conforta.

Olhar que conforta.

Brilho no olhar que conforta.

Respirar que conforta.

II

Conforto a um morto

deitado no ataúde

carecendo de saúde -

de um pouco de vida.

III

Fico rendido

segundo após segundo

sendo surpreendido -

tal vislumbre de novo mundo.

IV

É tarde e não quero ir.

É tarde e você não quer ir.

É tarde e eu quero ficar.

É tarde e você não pode ficar.

V

Diferença do Ideal

para o Real:

Diga-me, pois, qual?

VI

Agora é tarde

tarde pra você.

A mingua do que desdenhou

por fim se extinguiu.

Se exauriu -

foi pra puta que o pariu.

VII

A você que manipula

transforma tudo numa bosta:

te ofereço minha amizade -

lhe apresento minhas costas.

VIII

Sinto-me péssimo e irascível ao saber

que o mais puro dos meus sentimentos

foi apenas uma flanelinha

pra você polir o ego.

IX

Doce sotaque do meio-dia

será que você já sabia

que quando te trago à mente

aumento minha taquicardia?

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 17/12/2010
Reeditado em 30/11/2011
Código do texto: T2676488
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