Benquista

Detesto ser aquela pessoa ingênua que, quando questionada "como vai?", responde sempre numa riqueza de detalhes que o interlocutor jamais desejou saber. E que, ao esperar por uma conquista, na ânsia de vencer, faz dos outros seus comparsas, imaginado que a torcida lhes será benéfica, benquista - nunca é. Ela não faz de sua vida um segredo, pois não pode, não quer. Há muita solidão nos segredos. Mas não se engane, não perca seu tempo nutrindo por ela pesares. Não há nada de inocente na ingenuidade descabida, no excesso de dizeres, na carência - de afetos, de prudência, de sentidos. Detesto ser aquela pessoa, mas, ainda assim, o sou. E não há nada que possamos fazer a respeito disso.