Depoimento de uma apaixonada

02 de abril. Chove. Acomodei-me em um canto e fiquei me olhando amar.

Talvez amar seja exatamente como dizem. Como todos sentem. Como toda às vezes imaginava que seria. Se amo é por distancia, afinal, não posso ficar junto. Tudo vai contra minha idade, a falta de coragem, talvez até a impressão de estar fazendo tudo errado. Pode ser até motivo de piada, mesmo que fosse eu acho que amo. Estou para concluir uma das hipóteses mais complicadas das situações que nesses e outros dias já tivera. Ouvia música que me deixava totalmente torturada. Não só o ritmo mexia mexera com minhas agonias, mas a letra também parecia revirar as aventuras em que eu estivera vivendo doente de saudade. Nem a morte uma hora dessas me traria a cura. E se quer saber? Eu não sabia o motivo de ouvir algo que me piorasse se a vontade era ficar bem. Não tivera coragem de chorar até agora. Só uma incrível vontade de morder. Percebi que já havia feito tanto isso que muitos papéis de chocolates haviam se acumulado á minha frente. Meu rosto ficaria horrível, estou certa, não conseguia me convencer que era chocolate que eu tanto queria morder, eu sabia pelo simples fato do chocolate ficar azedo perto dos olhos do sujeito. É claro que o que eu queria mesmo era mergulhar naquela alma, minha destruidora, aos poucos acaba comigo tão deliciosamente que comecei a ter orgulho de ver minha decadência no espelho, mas me envergonhara profundamente. Trocara por horas minha especialidade por alguém especial. Buscara palavras, mesmo as que eu jamais vi para substituir o nome do maldito ou severamente fazer algum plano com ele. “amo” pensei. “E daí?” questionei! Nem amar com todas as letras, nem com todos os números, nem mesmo com os órgãos, inclusive aquele que chamam de coração. Nem amar pouco, nem amar muito Nem aproveitar, nem desperdiçar, nem sorrir, nem chorar, nem beber, nem fingir, colocá-lo-ia, agora nesses meus braços. Parece que o direito só serve para escrever, mas eu queria vê-lo junto a uma pele quase tão branca quanto a minha. Eu seria com certeza uma mulher melhor se o único eu te amo que ele ouvisse visse da minha boca.

Não! Esquecer não seria o melhor a fazer. O melhor seria sentir, queria até me casar. Ter as mãos fortes diante das mãos fracas em dias frios, em dias de chuva, calor ou em noites como essa. Esta que só preciso disso. Acredito que possa ser verdade, se realmente amo, é tão sinceramente que chega a ser estúpido. Do mundo, não era com toda a certeza a primeira a me lamentar por gostar de um menino. Falo com os dedos cruzados, não quero me dar ao luxo de parecer mais humana do que minhas evidencias comprovam. O chá tão quente que desce na garganta aconchega. Só que o mais aconchegante agora seria um beijo. Sim, um beijo. Minhas palavras sairiam mais leves. Mas que morressem a maioria delas! Pois eu só queria dizer uma coisa! Não tinha coragem, aonde será que a esqueci? Quem se importa? As palavras continuam vivas, tanto que sãos as únicas a me acompanhar na trajetória, por mais que se vão, sempre voltam com historias.

Parecia que eu estava agindo como gente grande. Ilusão! Nunca deixei de ser eu, nunca fui mais que isso. A vantagem é que ao mesmo tempo não da para deixar de ser menos.

Amar! Ah amar. Que coisa mais sem graça para passar o tempo. Isso não tem pressa, isso nem anda, o tempo não tem pé, nem pernas, tempo não quer dinheiro. Queria ser mais o menos como o tempo então. Talvez eu seja, sou praticamente um tempo e estou indo constantemente para o futuro. Grito nos pensamentos, o nome do sujeito, inspirador desse depoimento. Essa imaginação me faz rir, longe ou perto dele, são os mesmos pensamentos ousados de sempre. Que vergonha! Ah que vergonha! Uma mulher que ama um homem e este homem é o mais belo de todos. Essa mulher nem sabe o que é, mas quando algo se sente, basta! Se eu soubesse quem sou, estou certa que me esqueceria. Essa beleza toda é tão inexplicável como eu. Mas eu confesso que queria que em todas as noites que ele fosse meu. Talvez eu ame, mas pode ser que não, mesmo a primeira opção sendo mais obvia que o fato de eu existir. Mas não me interessa saber, não tenho razoes para isso. Se um dia ele me quiser, eu o querei bem mais, ao que já quero sem sequer saber suas pretensões. Proponho felicidade, quanto para mim, quanto para ele. Mal sabe o tal, que quando desejo alegria, desejo ele para o resto desse e do outro milênio. Riem senhores, riem, pois o destino é inevitável, mas estou certa que se ainda não passaram, ainda vão passar por isso. Ah senhoras e senhores, que vida é essa em que fomos nascer?

Taty Sb

Taty Sbrugnara
Enviado por Taty Sbrugnara em 15/12/2010
Código do texto: T2673189
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