- Quiçá

Imagine... Imagine que exista explicação para determinados acontecimentos, aos quais ninguém parece ocioso o bastante para pensar e decidir respondê-los sem que precise compartilhá-los. Inflar o ego, dizer nomes próprios em voz alta enquanto corta o próprio cabelo ou desata o nó daquela gravata extravagante. Talvez sejam sempre menos interessantes; Explicações beiram a ordem e cronometragem, lembram relógios, professores ébrios de matemática. Alertam o erro e dedução, não estamos sozinhos por aqui. Poeira das estrelas, esferas gasosas de não sei lá quantos metros cúbicos rodopiando em um tempo de imensidão sem tendões. Enquanto ouço a voz de um cantor que sugere que tiremos o pai da forca com imediata precisão, caminho longe da definição que ronda mentes explicativas. Explicações levam a séculos de contrapropostas e inimizades, traçam retas enquanto o “x” da questão está entre outras letras enredadas por círculos e nomenclaturas. Pretendo ignorar enquanto posso virar a cara no ápice da teimosia, dane-se a utilidade da alavanca, ampulheta, fio-dental. Não quero mover montanhas, catar grãos, vá de ressaca. Mostre o pulso como gueixa e espere condenação, quiçá, quizás, quiçá e outra tentação. Explicar-se envolve maneirismos, tentativas, pretensão... Imagine que não exista explicação.

Jean Levi
Enviado por Jean Levi em 14/12/2010
Código do texto: T2670533
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