Meu amado.
Eu tenho andado muito tempo sozinha, perdida entre as incertezas das portas entreabertas que encontrei pelo caminho.
Minha mão tremula não encontrava o caminho, como uma floresta ao sair de uma tempestade, exposta pelo lado de fora de uma pétala de flor, como se fosse simples assim.
O mundo todo passou pelo reflexo do meu sonho e eu me perdi entre todas aquelas cores, sinuosa, transformando cada dia em pedaços da noite, confusa.
Fui vivendo cada segundo que a vida me proporcionava e de repente nem meu nome eu sabia, nem menos sabia como voltar para casa, sem asas, sem voz.
Fui me afastando cada vez mais do rio que me levava pra baixo e aos poucos fui encontrando o som rouco de uma voz qualquer, isso me trazia paz, suavizando minhas noites mal dormidas de sono.
Aos poucos foi clareando e eu não me via mais tão sozinha, eu já tinha a noção do caminho de volta então fui parando lentamente.
Ontem à noite sonhei com você, e esse sonho me trouxe a magia, trouxe para meus olhos machucados por lagrimas um pouco de cor, eu não sei aonde encontrar você e nem como chegar aos seus passos ainda descobertos por mim, mas os meus sonhos já mostraram qual o primeiro passo, ainda com medo, ainda perdida, eu fico perambulando na minha sala de estar reformada uma maneira de me encontrar novamente com seu cheiro, com o seu herdeiro, e nada, mas faz sentido.
Eu sigo as ruas de dezembro à noite e entre elas imaginando, formando as cores, os sons, passam por mim noticias rústicas, velhas, e eu só penso em uma forma de me aproximar de você, para completar a minha felicidade.
Para que eu possa te chamar de meu amado.