A FOME DE UMA COBRA
Em uma floresta nem tão longe assim, apenas fora de nosso alcance cognitivo havia uma senhora e sua filhinha. Bem distante da civilização elas se arrumavam de modo a não perder a vida. Todas as manhãs a senhora saía para caçar alimento. Dentre eles: frutas, legumes, castanhas, ovos entre outros.
Sempre com o coração apertado partia para trazer alimento a sua filhinha, que por algum tempo sozinha ali permanecia na cabana, de pau a pique, barro e sapé. Certa vez, tentando alcançar uma vareta para pegar alguns coquinhos, encontrou uma cobra. Seca, esquelética, com olhos sem brilho algum, devido à imensa fome que a comprometia.
- Nossa que peninha desse animal! Diz sentida a mulher. Pega um pano e a arrola e a leva nos braços até sua cabana. Ali mesmo em meio a vida tão dura, tudo o que colocava na boca de sua filha, dava também a cobra esquelética.
Claro... diante de amor e alimento nem o mais tenro leprozo deixaria de se recuperar. Com a serpente não foi diferente. Em meio a coquinhos, água, ovos e até leite do peito que o amor materno a fazia repartir com a nova amiga da família.
Com tudo normalizado o tempo passa e a cobra assume posição de babá, toda vez que a amiga saía para buscar alimento era ela quem tomava conta. Mas certa vez, por ironia do destino, esses alimentos ficam cada vez mais escassos, obrigando-a ir cada vez mais longe em sua rotina e procura por alimento.
Devido a distância, chega mais tarde do que do costume. Com imenso peso no coração vê sua filha com pedaços faltando, notando que a cobra se alimentará de sua filha afim de sanar algumas horas sem alimento.
Agora sem a filha esse mãe viverá? Será ainda a cobra que tanto tinha ajudado ainda será sua amiga? São decisões que só a ela compete!
Autor: Clodoaldo dos Santos Pereira