“Medo”
Temo que passem por mim os tempos
Dos quais não tenho domínio, que
Caiam da minha cabeça os meus
Cabelos, da minha boca os dentes,
Da minha memória a importância
Dos ensinamentos de uma vida, que
Partam para longe os meus entes, e
Meus amigos, que chegue a escuridão
Dos meus olhos, e já não possa mais
Contemplar a luz dos dias e das velas
Que adornam a farta mesa do jantar.
O meu medo é de tudo isso, e da solidão
Que assombram os meus pensamentos
Inconscientes, afasto-me do horror das
Guerras, das espadas afiadas, das palavras
Mal ditas, se hoje abraço, beijo e caminho
De mãos dadas, e por tal zelo, pois tenho
Que isso me afastem os fantasmas do medo,
Os meus indesejados medos.